Antidepressivos e Disfunção Sexual: Entenda os Efeitos e Como Lidar com o Problema

Os antidepressivos, especialmente os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS), são amplamente utilizados no tratamento de transtornos como depressão e ansiedade. No entanto, muitas pessoas que fazem uso desses medicamentos relatam dificuldades sexuais, que podem persistir mesmo após a interrupção do tratamento. Esse fenômeno, conhecido como Disfunção Sexual Pós-ISRS (PSSD), ainda é um campo de estudo em expansão, mas seus impactos na qualidade de vida dos pacientes são significativos. Neste artigo, vamos explorar as principais questões relacionadas à disfunção sexual induzida por antidepressivos, seus mecanismos e possíveis soluções.
O que é a Disfunção Sexual Induzida por Antidepressivos?
A disfunção sexual causada por antidepressivos pode ocorrer durante o uso da medicação e, em alguns casos, continuar após a interrupção do tratamento. Os sintomas mais comuns incluem:
- Redução ou perda do desejo sexual
- Dificuldade ou impossibilidade de atingir o orgasmo
- Anorgasmia (orgasmo sem prazer)
- Disfunção erétil ou lubrificação vaginal reduzida
- Anestesia genital (diminuição da sensibilidade)
- Ejaculação retardada ou prematura
Estudos sugerem que essas alterações estão relacionadas a mecanismos neurobiológicos, como a regulação da serotonina, dopamina e ocitocina, além de mudanças epigenéticas que afetam a plasticidade neuronal.
Como os Antidepressivos Afetam a Função Sexual?
Os antidepressivos ISRS, como fluoxetina, sertralina e paroxetina, aumentam os níveis de serotonina no cérebro, o que pode ajudar a regular o humor. No entanto, esse aumento pode reduzir a dopamina e a ocitocina, neurotransmissores fundamentais para a resposta sexual.
Outro fator importante é a neurotoxicidade serotoninérgica, que pode levar a alterações permanentes nos receptores de serotonina e dopamina, impactando a libido e a capacidade de sentir prazer. Estudos também indicam que o uso prolongado de ISRS pode afetar a regulação hormonal, reduzindo os níveis de testosterona e estrogênio, hormônios essenciais para a função sexual.
PSSD: Disfunção Sexual Persistente Após o Uso de ISRS
A PSSD (“Post-SSRI Sexual Dysfunction”) é um fenômeno em que os efeitos colaterais sexuais dos antidepressivos persistem mesmo depois que o paciente para de tomar a medicação. Embora a prevalência exata seja incerta, há evidências crescentes de que alguns indivíduos sofrem com esses sintomas por meses ou anos.
Pesquisas indicam que a PSSD pode envolver:
- Mudanças epigenéticas que alteram permanentemente a expressão de receptores cerebrais.
- Danos ao sistema dopaminérgico, reduzindo a motivação sexual.
- Desregulação do óxido nítrico, afetando a resposta erétil e a lubrificação vaginal.
Infelizmente, ainda não há um tratamento padronizado para a PSSD, e os casos relatados variam amplamente em gravidade e duração.
A Importância da Alimentação e da Atividade Física no Tratamento
Uma abordagem complementar e essencial para lidar com os sintomas da PSSD e a disfunção sexual causada por antidepressivos é a adoção de um estilo de vida saudável, focado em alimentação equilibrada e atividade física regular.
- Alimentação: Certos alimentos podem ajudar a regular neurotransmissores e hormônios essenciais para a função sexual. Alimentos ricos em zinco (ostras, carne vermelha, sementes de abóbora), magnésio (castanhas, espinafre, banana) e vitamina D (peixes gordurosos, ovos, sol) podem estimular a produção de testosterona e dopamina, melhorando a libido e a energia.
- Atividade Física: Exercícios físicos regulares ajudam a melhorar a circulação sanguínea, essencial para a resposta erétil e lubrificação vaginal. Além disso, aumentam a liberação de endorfinas e dopamina, promovendo bem-estar e redução dos sintomas depressivos.
- Redução do estresse: A prática de ioga, meditação e alongamentos também pode reduzir o estresse e a ansiedade, fatores que frequentemente agravam a disfunção sexual.
O Papel da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) no Tratamento da Depressão, Ansiedade e Estresse
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma das abordagens mais eficazes para o tratamento de transtornos como depressão, ansiedade e estresse. Essa abordagem baseia-se na identificação e modificação de padrões de pensamento disfuncionais que contribuem para o sofrimento emocional do paciente.
A TCC auxilia no tratamento da:
- Depressão: Por meio da reestruturação cognitiva, o paciente aprende a desafiar pensamentos negativos automáticos e substituí-los por perspectivas mais equilibradas. Também são utilizadas estratégias comportamentais para incentivar atividades prazerosas e fortalecer o engajamento social.
- Ansiedade: A abordagem trabalha a exposição gradual a situações temidas, ajudando o paciente a reduzir respostas exageradas de medo e a desenvolver habilidades de enfrentamento mais eficazes.
- Estresse: Com técnicas de relaxamento, mindfulness e treinamento em resolução de problemas, a TCC ensina o paciente a gerenciar situações estressantes de forma mais adaptativa.
Além disso, a TCC tem a vantagem de ser um tratamento sem efeitos colaterais e pode ser aplicada isoladamente ou em conjunto com outras abordagens terapêuticas, promovendo autonomia e bem-estar duradouro ao paciente.
Dr. Maxuel Matos - Psicólogo | Sexólogo (CRP: 6/130010)
Especialista em sexualidade masculina, Terapia de Casal e Terapia Cognitivo-Comportamental
10+ anos ajudando homens a restaurarem sua confiança íntima e seus relacionamentos