Vicio em sexo: Compulsão sexual. O que é, causas e tratamento 05/junho/2019
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A compulsão sexual, conhecida também como transtorno hipersexual, vício em sexo, dependência de sexo, impulso sexual excessivo.
Quando na mulher a compulsão sexual, é popularmente conhecida também como ninfomania.
O impulso sexual excessivo nos homens é comumente descrito como ninfomania, mas o correto seria dizer satiríase, que é o equivalente masculino para compulsão sexual.
Como diferenciar a compulsão sexual do interesse maior e sexo
A compulsão sexual é marcada por pensamentos recorrentes relacionados a fantasias sexuais, pensamentos esses, que levam a comportamentos para efetivar o envolvimento sexual, como forma de aliviar a tensão sexual ou emoção desagradável.
Os pensamentos e as fantasias sexuais recorrentes relacionados a sexo levam a pessoa, a se tornar caçadora de parcerias sexuais e ao consumo de material pornográfico, e consequentemente a masturbação excessiva.
As fantasias são acompanhadas de um desejo visceral, e a pessoa é incapaz de resistir a esses impulsos sexuais.
Levando a priorizar os prazeres hedonistas, relacionados ao sexo, não conseguindo racionalizar as consequências negativas em longo prazo das práticas sexuais inadequadas. Somando-se a isso, vem o sofrimento subjetivo.
A pessoa que tem maior intensidade e desejo de envolvimento sexual, considerado saudável, não deixa de priorizar o que é importante para obter prazer imediato.
E quando há o envolvimento sexual, não é para aliviar emoções desagradáveis. Mas sim, como forma de obter prazer e satisfação sexual.
Estigma social e o vício em sexo
Muitos homens não compreendem o vício em sexo como um problema, mas sim, como sinal de virilidade e potência masculina.
Porém, o que esses homens desconsideram, é que todo transtorno psicológico têm potencial para causar uma série de danos para a saúde física, emocional, financeira e relacionamentos sociais.
E por conta do estigma embutido socialmente, quase não buscam ajuda, por acharem que não têm um transtorno a ser tratado.
Que fique claro, a compulsão sexual é um transtorno psicológico, e assim como todo transtorno, exige tratamento adequado, e quanto mais rápido a pessoa receber auxílio, menos perda terá em sua vida.
A população feminina quando apresenta esse transtorno, é comum não buscar ajuda profissional, mas por outros motivos, que vão desde o medo e a vergonha de serem julgadas, como indecentes e desconsiderado seu valor frente à sociedade.
Causas da compulsão sexual/Vício em sexo
As causas são multifatoriais e considerados os acontecimentos de vida num continuum, que podem contribuir ou não para o desenvolvimento desse transtorno.
Em geral surge no final da adolescência e início da vida adulta, o curso desse transtorno é crônico, e se não for tratado tende a progredir ao longo da vida.
Crianças que vivem num ambiente familiar com pais e/ou cuidadores pouco afetuosos e que envolvem ou expõe a práticas eróticas ou sexuais, pode contribuir para o desencadeamento do impulso sexual excessivo.
Na compulsão sexual a genética pode estar associada à predisposição para o aparecimento dos sintomas. Porém, nesse ponto alguns estudos divergem.
Consequências da compulsão sexual
As consequências podem aparecer em todas as esferas da vida de uma pessoa compulsiva por sexo.
Vão desde a saúde física, por se envolverem em práticas sexuais de risco, múltiplas parcerias, sem o cuidado adequado e o uso de preservativos, aumentando o risco para contrair o vírus do HIV e Infecções Sexualmente Transmissível.
Pode levar ao uso de drogas e a dependência química. Problemas judiciais por se engajar em práticas sexuais proibidas por leis.
Estreitamento dos vínculos sociais, prejuízos laboral, acadêmico, nos relacionamentos afetivos e a gravidez indesejada.
As consequências provenientes da compulsão sexual podem ser bem graves para a vida da pessoa acometida, quanto para suas parcerias e familiares.
A parceria dessas pessoas pode atribuir a culpa a si mesmo, por não quererem sexo na mesma proporção. E se perceberem inadequadas e muitas das vezes, têm relação sexual mesmo sem estar afim, o que contribui para o desenvolvimento de disfunção sexual, como a disfunção erétil no homem e a falta de desejo sexual e dor durante a penetração (dispareunia) na mulher.
Manifestações da compulsão sexual
A compulsão sexual é semelhante a outros tipos de vícios, que envolve a região do cérebro, responsável pelo prazer e gratificação.
Nessa região, ocorre a liberação de neurotransmissores que é estimulado pelas imagens, excitação, masturbação, envolvimento sexual e o orgasmo.
É marcado também pela adaptação, onde a pessoa tem que se envolver cada vez mais em práticas sexuais e pensamentos eróticos para gerar o mesmo efeito que no início.
Outro fator característico é a abstinência, reação física e psicológica ao tentar parar as práticas eróticas e sexuais compulsivas.
Outros transtornos psicológicos associados à compulsão sexual
É comum outros transtornos psicológicos estarem presentes na compulsão sexual, podendo ser primário ou secundário, decorrente da compulsão em sexo:
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Distimia
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Transtorno Depressivo
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Transtornos Ansiosos
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Transtorno Bipolar
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Transtorno de Personalidade Borderline
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Dependência Química
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Demência
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Transtorno Obsessivo-Compulsivo
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Transtorno do controle do impulso
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Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH)
Tratamento para a compulsão sexual
A compulsão sexual é um transtorno crônico e pode ser progressivo, mas a pessoa pode passar a ter controle sobre os sintomas e os gatilhos mentais, que levam ao envolvimento erótico e sexual desenfreado.
O tratamento envolve o uso de medicação prescrita por um psiquiatra, que podem ser antidepressivos ou estabilizadores do humor.
O tratamento medicamentoso deve ser acompanhado de psicoterapia, realizada por um psicólogo ou psiquiatra com essa especialidade.
Em geral a Terapia Cognitivo-Comportamental é recomendada para esse tipo de tratamento, por mostrar bons resultados para uma variedade de transtornos psicológicos, inclusive a compulsão sexual.
A psicoterapia tem por objetivo auxiliar o paciente a identificar os gatilhos de pensamentos, emoções e comportamentos precipitadores que levam a não conseguir resistir aos impulsos sexuais.
Nesse processo o psicoterapeuta vai auxiliar o paciente, a desenvolver habilidades mais adaptativas e saudáveis para lidar com os impulsos sexuais.
Maxuel Matos - Psicólogo | Sexólogo